AmândioA curto médio prazo, quais os principais objectivos do Governo em relação à floresta nacional e, mais concretamente, em relação à certificação florestal?
Os objectivos do Governo para a floresta, para além do detalhe que pode ser identificado no seu programa podem ser resumidos na seguinte frase: “mais floresta, menos vulnerabilidade da floresta e maior produtividade dos espaços florestais”. A certificação florestal é um instrumento fundamental, para comprovar a origem sustentável do material lenhoso que incorpora os diferentes bens produzidos pela indústria de base florestal. Os apoios à certificação são considerados no actual PDR, bem como o auxílio à elaboração de Planos de Gestão Florestal, que servem de base ao desenvolvimento de sistemas de certificação da gestão. Acho que em Portugal há ainda um longo caminho a percorrer dado que apenas dispomos de cerca de 11% da área florestal sujeita a sistemas de certificação. Ainda que seja um processo de adesão voluntária por parte dos produtores florestais é um processo que é, em primeira mão, do interesse imediato dos agentes económicos das fileiras silvo industriais e, em termos gerais, de reconhecido interesse nacional.

Na sua opinião, a certificação florestal tem estado na agenda política do nosso país?
Os primeiros apoios públicos à certificação surgiram em 2010 no âmbito do Fundo Florestal Permanente e actualmente são residentes no PDR2020. No entanto, ainda num período anterior, foi encetado um processo que consideramos basilar para suportar qualquer sistema de certificação: a elaboração de Planos de Gestão, sendo certo que neste momento Portugal Continental tem já cerca de 1,6 milhões de hectares com Planos de Gestão Florestal. Com esta realidade, está aberta parte do caminho para aumentar a área florestal certificada, sendo certo que a adesão dos proprietários a sistemas de certificação está intimamente ligada à capacidade de proporcionar uma melhor retribuição à produção por parte da indústria transformadora, descriminando-a positivamente na compra do material lenhoso certificado.

Considera que o consumidor português está sensibilizado para a temática da certificação florestal? Porquê?
Não dispomos de nenhuma sondagem que permita responder à questão, mas é do conhecimento geral que as preocupações ambientais são crescentes na sociedade e existe uma tendência para que essa sensibilidade induza a adopção de maiores requisitos no controlo da utilização da madeira por parte do sector de transformação e comércio de madeiras e seus derivados.

Para além do sector florestal quais seriam os sectores que, na sua opinião, deveriam ser sensibilizados para a certificação florestal? Porquê?
Entenda-se a certificação florestal como a evidência da origem sustentável do material lenhoso, pelo que não se entende a que outros sectores se referem.

Identifique os desafios com que Portugal actualmente se depara no que diz respeito ao futuro da floresta nacional.
De modo sintético apresentamos quatro desígnios principais:

1. Aumentar a área florestal nacional;
2. Aumentar a área florestal gerida de forma profissional;
3. Reduzir a vulnerabilidade da floresta a acidentes bióticos e abióticos;
4. Aumentar a produtividade dos espaços florestais.