A maioria de nós, com interesse no FSC, provavelmente tem uma imagem mental do tipo de lugares onde as nossas normas de gestão se aplicam – a “floresta” no Forest Stewardship Council. Mas e em relação a outras áreas com árvores, será que as nossas normas ainda se aplicam? Em particular, quão bem funcionam as normas de gestão florestal do FSC quando aplicados à floresta urbana, incluindo parques, jardins ou mesmo árvores de rua individuais?

Isso foi exatamente o que os elementos das equipas do FSC Portugal, Espanha, Itália, Países Bálticos e Reino Unido, quiseram discutir quando se reuniram em Londres. As suas conclusões podem surpreender, embora parte da linguagem das nossas normas internacionais e nacionais seja adaptada a um contexto de gestão florestal convencional, com apenas alguns ajustes na terminologia e a adição de notas interpretativas adequadas, a maioria dos conceitos subjacentes parece funcionar perfeitamente bem num contexto urbano.

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Elementos das equipas do FSC UK, FSC Itália, FSC Portugal, FSC Espanha e FSC Bálticos nas ruas de Londres com Annabel Foskett do Haringey Council.

 

“Isto realmente prova a habilidade das pessoas que aprimoraram os Princípios e Critérios do FSC, ao longo dos anos”, diz o Dr. Owen Davies, Gestor de Normas Florestais do FSC UK. “Os P&C funcionam muito bem numa ampla gama de ambientes florestais – incluindo alguns inesperados!”

O grupo sentiu que a aplicação das normas do FSC nas cidades depende muito de como entendemos a 'unidade de gestão', isto é, a área espacial ou áreas submetidas à certificação FSC, que devem ter limites claramente definidos e ser geridas de acordo com um conjunto de objetivos explícitos de gestão de longo prazo expressos em um plano de gestão. Numa unidade de gestão urbana contendo apenas árvores de rua, pode ser difícil atender a alguns requisitos do FSC, particularmente em termos de identificação de uma proporção da área da unidade que é gerida maioritariamente para conservação. Mas numa unidade de gestão mista, contendo árvores de rua, parques e áreas florestais, pode ser possível atender a todos os requisitos do FSC. O grupo irá sugerir ao FSC Internacional que esta seja uma base viável para a certificação abranger todos os elementos da floresta urbana.

A certificação de florestas dentro e ao redor das cidades não é novidade, é claro. O grupo foi acompanhado por Annabel Foskett, Diretora de Conservação da Natureza do Haringey Council. As florestas anciãs de Haringey foram certificadas pelo FSC no passado, e Annabel está ansiosa para trazê-las de volta à certificação e explorar a opção de fazer declarações de serviços dos ecossistemas, verificados pelo FSC. “Acredito muito no poder da auditoria e na importância da monitorização e avaliação, para garantir que entregamos o que nos propusemos a alcançar num plano de longo prazo para proteger habitats, aumentar a biodiversidade e aumentar a resiliência às alterações climáticas. O FSC é perfeito para isso, e a verificação dos serviços dos ecossistemas pode permitir-nos demonstrar como as atividades de gestão, estão a contribuir para manter e melhorar a ecologia única das florestas anciãs de Haringey, para além de estabelecer uma narrativa convincente e atraente sobre as nossas conquistas.” Annabel Foskett, do Haringey Council.

O grupo também fez um tour pelo Hyde Park e Kensington Gardens, habilmente guiado por Ian Rodger dos Royal Parks. Gerindo terras no coração de Londres em tal escala (Hyde Park cobre cerca de 140 hectares) e equilibrando as procuras económicas, ambientais e sociais, parecia óbvio que a certificação FSC poderia funcionar para os Royal Parks.

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          Ian Rodger do Royal Parks mostra, à equipa do FSC, um veterano Field Maple (Acer campestre) em Kensington Gardens.

 

“Muitas pessoas pensam que os parques são bastante formais, mas na verdade,a maioria da nossa gestão está muito mais sintonizada com a natureza. Gerimos prados de flores silvestres, retemos madeira morta e estamos até a restaurar a drenagem natural e os cursos de água, para aliviar as inundações. A certificação FSC parece ser uma vitória, dada a forma como gerimos os nossos parques.” Ian Rodger, Royal Parks.

Mas por que os gestores de florestas urbanas deveriam obter a certificação FSC? O que é que eles podem ganhar? Por um lado, a avaliação independente de terceiros pode fornecer evidências confiáveis ​​para as partes interessadas sobre a qualidade da sua gestão. O processo de auditoria externa pode ajudar a identificar e a resolver problemas antes que se tornem sérios.

E embora a maioria dos gestores de florestas urbanas não se foque na exploração de produtos, ainda há oportunidades através do procedimento dos serviços dos ecossistemas do FSC, para atrair financiamento que apoie a gestão de mercados em desenvolvimento, pagando pelos serviços dos ecossistemas.

E porque é que o FSC deveria interessar-se pelas florestas urbanas? Há muitas potenciais vantagens em garantir que as nossas normas de gestão responsável sejam cumpridas, mas o argumento mais óbvio é que, com uma população global cada vez mais urbanizada, a “selva de cimento” será crucial para cumprirmos a nossa missão de ter Florestas para Todos para Sempre.

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                                                            O grupo no Hyde Park, na fronteira entre parques formais

                                                            e áreas geridas como prados.