Começámos o nosso segundo dia da Cimeira de Serviços de Ecossistemas da FSC América Latina no terreno. A equipa da FSC América Latina, representantes da comunidade e partes interessadas do setor privado partiram cedo de Santiago e, à medida que nos afastávamos da cidade, o ar começou a mudar – o asfalto deu lugar a estradas de terra batida e as montanhas cobertas de neve brilhavam sob o sol da manhã. Lá, as vinhas encontram o sussurro profundo da floresta. Sob um céu azul brilhante, surge uma paisagem que não é apenas vinha nem apenas floresta, mas um território com um propósito.
No coração do Vale Central do Chile, na região de O'Higgins, fica a propriedade Idahue da Viña Concha y Toro. Esta não é apenas mais uma vinha: é um território onde 562 hectares de vinhas coexistem com mais de 1.632 hectares de floresta esclerofila nativa — agora protegida por uma norma internacional para a gestão florestal responsável e conservação: o FSC.
O valor da marca FSC
Em 2019, a Viña Concha y Toro tornou-se a primeira vinícola da Argentina a certificar as suas florestas sob o Procedimento de Serviços de Ecossistemas do FSC para fins de conservação. Isto significa:
- restaurar e proteger áreas degradadas ou em risco;
- monitorizar a biodiversidade e salvaguardar espécies como a rã chilena (Calyptocephalella gayi), o gato güiña e a gambá;
- prevenir incêndios florestais através de infraestruturas e planos de resposta ativa.
O rótulo FSC é um compromisso que exige transparência, monitorização e responsabilidade.
Verificação de Impacto
Através do Procedimento de Serviços de Ecossistemas do FSC, a Concha y Toro mede a captura de carbono das suas florestas. Nos seus 4.272 hectares de floresta nativa, foi registado um stock de cerca de 15.000 toneladas verificadas de CO₂ — fortalecendo o equilíbrio entre produção e conservação.
Nas palavras de Valentina Lira, Corporate Sustainability Manager: “A certificação dos Serviços de Ecossistemas do FSC permitiu-nos destacar o papel da floresta esclerofila do Chile na mitigação das alterações climáticas e na preservação da biodiversidade. Através da Verificação de Impacto do FSC, pudemos reconhecer a enorme contribuição dessas florestas. Isso é muito valioso, considerando que as nossas florestas e vinhas estão localizadas numa área predominantemente agrícola. A contribuição dessas florestas é essencial, como poderá comprovar durante a sua visita.”
Mais do que florestas: um património cultural vivo
A Propriedade Idahue também preserva vestígios do passado. No meio da vinha, caminhamos sobre vestígios arqueológicos onde foram encontrados fósseis da Idade do Gelo e onde o conhecimento ancestral perdura através do Museu Escola Laguna Taguatagua (MELT). Liderada pela Fundação Añañuca, esta instituição fortalece a memória cultural e os laços comunitários, mostrando que os serviços de ecossistemas culturais podem realmente resistir ao teste do tempo.
Ignacio Celis, Executive Director da Fundação Añañuca, destaca: “O FSC fortalece a relação entre os diferentes atores – nós, a Viña Concha y Toro e a comunidade local. Precisamos desses pilares para continuar a trabalhar juntos.”
Sustentabilidade com visão
A Viña Concha y Toro protege mais de 4.272 hectares de floresta nativa através da certificação FSC, no Chile.
Já plantou mais de 37.400 árvores nativas (2021-2025), excedendo a sua meta de 6.400 por ano até 2025.
As suas florestas nativas abrigam mais de 470 espécies de plantas e 118 espécies de animais, demonstrando uma contribuição notável para a biodiversidade em áreas densamente povoadas e economicamente ativas.
© FSC América Latina
Produção e conservação: um caminho
Através do FSC, a Viña Concha y Toro demonstra que a produção e a conservação do ecossistema podem andar de mãos dadas. Cada garrafa carrega um legado de regeneração, respeito pela biodiversidade e ação climática verificável.
“Graças a esta parceria com a Viña Concha y Toro, conseguimos expandir a perspetiva do impacto do FSC no Chile. As soluções do FSC — concebidas para proteger os serviços de ecossistemas florestais — estão disponíveis para todos os setores económicos que interagem, direta ou indiretamente, com a natureza. Isso não só ajuda a valorizar o seu capital natural, mas também permite um progresso concreto em direção às metas corporativas de biodiversidade, gerando um impacto positivo tanto para as organizações, quanto para os ambientes onde elas operam.” - Regina Massai, Executive Director do FSC Chile.
Para saber mais sobre este modelo, entre em contacto com Regina Massai (Diretora, FSC Chile) em r.massai@cl.fsc.org.
